quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Quisera


Quisera

(Argentino Vidal)

Quisera meus desejos fossem postos
Num relicário de poderes mágicos
Pudesse ele realizar meus sonhos
Tornassem todos eles verdadeiros

Quisera eu hoje ser um feiticeiro mago
Daqueles com poderes de condão
Traria todas as estrelas do universo
Só pra iluminar seu coração

Quisera que eu fosse afável bálsamo
Tirado de um cerne milagroso
Pudesse eu ser num só encanto
Suave ungüento pro seu pranto

Quisera que eu fosse um hábil ladro
Roubava sem pudor todos os seus sonhos
Colocaria todos no meu relicário mágico
Só pra se tornarem também verdadeiros.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Dança das Luzes dos Olhares



Dança das Luzes dos Olhares

(Argentino Vidal)

Brilham as luzes dos olhos
Entreolhares, seus sonhos
Umas chegam ternas, fazem-nos sonhar
Outras companheiras compartilhadas
Longos períodos, lumens intrínsecos.
Abrigam-nos, iluminam nossas almas

Brilham meus olhos
Com qual tempo durará
Brilham no que terá e no que passou.
Brilham neste que também passará incólume
Brilham naqueles benditos e divinos.
Ficando eternizados lá.

Dançam o brilho dos olhos
Os dos meus com tantos outros
Serão acasos encontrados, retornados?
Ou reencontrados de vidas dantes.
De almas dos lumens neles refletidos?
Ou apenas coincidências casuais.

Nesta louca dança das luzes dos olhos
Algumas chegam com tamanha intensidade
Que nos ofuscam, cegam nossos próprios olhos.
Não nos deixam ver as inverdades nelas contidas
Outros olhos têm brilho de menor intensidade
Porém são lumens bem mais verdadeiros
Que cegamente nem percebemos.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Lembranças


Lembranças
(Argentino Vidal)

Vagos doces pensamentos
Sucumbem meus tormentos
Sob ventos que um dia
Sopravam em seu rosto
Excitante você sorria
Fazendo mostrar o gosto.
De estarmos sempre juntos

Mas como esse mesmo vento
Que me trouxe por um momento
A lembrança de ti
Esse mesmo vento
Entristeceu meu pensamento
Fazendo-me chorar por ti

Vou seguindo no meu passo
Velejando pelo sonho
Vou remando pelo vento
Carregando no meu sonho
Nossos lindos momentos.

Vivo além da esperança
Procurando na lembrança
Por você, só por você.

Natureza


Natureza
(Argentino Vidal)

Ao olhar a primavera tão florida
Nesta sonorada praia colorida
Senti tão perto, à natureza pura.
Tua ingênua e cordial doçura

Como flautins ao tempo soprados
Embalavam os ventos sonorados.
Melodiosas doces multinotas aqui ali
Abençoada foi a hora que eu te percebi.

Neste cenário de harmonia perfeita
Completa aquarela multicolorida
Variados pássaros de formatos raros
Realçavam seus encantos com seus cantos

Então aos pássaros entreguei meu pranto
E numa orquestral sinfonia também meu canto
Despedindo para sempre da tristeza
Alegrando-me com você e a natureza.


segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Minha Menina da Janela



Minha Menina da Janela
(Argentino Vidal)

Ainda era um menino
Olhava você em sua janela
Às vezes recostada na vidraça
Mostrava seu sorriso lindo
Seus cabelos negros encaracolados
Que eu admirava tanto

O tempo foi passando
Crescendo juntos, adolescemos.
Nossos olhares eram mais constantes
Nossas janelas mais cúmplices
Nossos sorrisos mais trocados
Tornamo-nos enamorados.

E num romance às avessas
Você passou por mim e disse:
Quer namorar comigo?
Fiquei surpreso pela ousadia da menina linda.
Meu coração explodiu, perdi a fala.
Fitei seus olhos claros
Segurei sua mão suavemente.
Nossos corpos recostaram-se.
Senti seu coração acelerado ritmado ao meu.
Toquei seus lábios aos meus.
Nossa paixão se revelou.

Mas o destino foi carrasco.
Primeiro nos proibiu.
Pouco adiantou.
Nossos encontros foram secretados
Amamos tanto, sonhamos tanto
Depois mentiras faladas sem sentido
Como você acreditou? Amava só você.
Afastamos tanto, sofremos tanto.
Sua paixão acabou.
A minha?
Apenas hibernou.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Meu Querer

Meu Querer
(Argentino Vidal)

Queria eu hoje coisas bem modestas
Acordar e te dizer bom dia
Deslizar as mãos sobre seu corpo, displicente.
Sentir em ti o resto de lavanda reticente
Despertar-te para ver o sol que brilha na janela

Queria hoje tomar contigo um café com leite
Daqueles com bastante nata suculenta.
Crocante pão de queijo e broa de fubá de milho
Sentar nas almofadas à boca da lareira quente
Escutar os estalidos desconexos do braseiro

Queria escutar uma música romântica
Carregar-te no compasso da sua canção
Apertar-te junto ao meu corpo mais ousado
Cochichar no seu ouvido frases de ternura
Embriagar nos devaneios do momento.

Queria sentar à noite na varanda
Sentir a lua nos inundar com sua fria luz
Prateando seu corpo, adornando seus cabelos
Eu queria, como eu queria.
Mas você esta distante. Inatingível.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Divinamente Eterno


Divinamente Eterno
(Argentino Vidal)

Vi no brilho de seus olhos nossa paixão
Senti queimar no coração o fogo indolor da emoção
Busquei neste regalo de nossas fantasias
Um cardápio de impetuosas iguarias.

O tempo preparou seu ritmo contesto.
Que nosso compasso por ardil pressuposto
De que à ilusão seria dominado, paralisado.
Tentamos saborear impaciente tal momento.

Para este tempo revelaram nossos corpos.
Primeiros momentos, primeiros dedicados atos.
Que marcaram para sempre um sublime amor
Que ele seja então divinamente eterno enquanto terno.

domingo, 25 de julho de 2010

Horizonte



Horizonte
(Argentino Vidal)

Lá bem além do horizonte
Sobre imenso e alvo monte
Mora em doce canção.
Cascatas de ilusão
.
Existem extensas relvas
Com botões de lindas rosas
Onde os orvalhos descansam
Nos ventos que ali balançam

Num rio escumas vão indo
E pelo seu leito sumindo
Sua margem me mostra vidas
Com ramagens coloridas

Aí num sonho quase eterno
Repousando em silencio terno
Só penso na minha amada.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Sonhos do Poeta



Sonhos do Poeta
(Argentino Vidal)

Tolos foram os sonhos do poeta
Pois falso foi o seu encanto
Enganou-se incauto ser profeta
Sobrou-lhe somente desencanto.

Supôs que a mansa brisa fria
Pudesse carregar seus versos
Embalados em odes de alegria
Entregá-los a almejos tão sonhados.

Mas foram apenas ditas vãs.
Quimeras de um sonho nem vivido.
De um poeta e sua musa Vênus.
Tornados apenas versos sem sentido




quarta-feira, 23 de junho de 2010

Manhã de Outono



Manhã de Outono
(Argentino Vidal)

Ainda estão as buganvílias tão floridas
Exibem os Miosótis, azaléias e os manacás
Seus perfumes e suas cores deslumbrantes
Saudando orvalhada manhã de outono.

Neste mix matutino de mato verde
Uma névoa pinta em branco o horizonte
Cobrindo os cumes salientes das montanhas
De uma gelada manhã de outono.

O céu estava azul límpido e intenso
Onde o sol brilhava sem calor em eldorado.
Nos arvoredos, canários, trinca-ferros, bem te vis.
Sonoravam aquela fria manhã de outono.

Um cheiro forte de café invade o ar
Podia até senti-lo quente a fumegar
Aquecendo minha alma e meu corpo congelado
Naquela linda e clara manhã de outono.

Às vezes o tempo expõe sua magia
E numa simples manhã de outono fria
Com seu exuberante universo multi-matiz
Mostrou-me como é simples e fácil ser feliz


Este poema foi publicado em "Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos"Vol.67. pela CBJE.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Sua Ilusão



Sua Ilusão
(Argentino Vidal)

Não vejo mais motivos pra esse seu jeito
Complicado de gostar
Se um dia você chega e desalinha meus sentidos
No outro você encontra meios pra me magoar

Não quero mais motivos pra me enganar
Prefiro reviver somente nossos bons momentos
Aqueles que eu guardei como inesquecíveis
Que por poucos dias me fizeram mais feliz

Não vejo mais motivos pra viver
Somente o meu sonhar
Se eu amanheço com um lindo sonho magistral
E anoiteço um pesadelo de um sonho irreal.

Chega, procure seu caminho no destino já traçado
Encontre sua paz na ilusão de suas glórias
Se seu fetiche incompreensível te faz bem assim


Este poema foi publicado em "As mais belas poesias de amor", pela CBJE em maio de 2010

domingo, 18 de abril de 2010

Minha Terra Mineira


Minha terra mineira
(Argentino Vidal)

Eu nasci na terra do ouro
Das esmeraldas e diamantes
Do minério vermelho do ferro
De tantas minas contidas
De tantas Minas Gerais

Eu nasci de gente guerreira
De ideais inconfidentes
Sonhadores libertários
Da conquista do ventre da terra
Do nosso solo mineiro

Eu nasci da cultura barroca
De cidades de muitas histórias
Com seus artesões e poemas
Do Congado e Folia de Reis
E das Festas do Divino.

Eu nasci do fogão à lenha
Do tropeiro e da pururuca
Das fazendas de carros de bois
Do puro café e leite
Das goiabadas com queijo

Eu nasci nas terras de Minas
Das montanhas soberanas
Das cachoeiras cristalinas
De gente hospitaleira.
De gente cosmopolita
De sotaque bem roceiro
Com seus trens e muitos uais.

Bão demais da conta sô...

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Cotidiano


Cotidiano
(Argentino Vidal)

Levanta já atrasado
Pra mais um dia da lida
Ajeita o esqueleto no corpo
De uma noite mal dormida
Calça a butina surrada
Enfia a roupa amassada
Toma o café requentado
E ainda mal comido
Sai do barraco apressado
E ainda são seis da matina

Lotada a estação te espera
Pendura no estribo do trem
E ainda rola um cochilo
De um lado pesa a marmita
De uma parca comida
Do outro guarda no bolso
O troco medido da volta
Mas logo o apito e a parada
Desperta teu sono pra vida

Vai trabalhar homem......
Espera-te ansioso o patrão
Que logo vem com o sermão
Ta atrasado de novo?
Já cheio o carrinho de brita
Espera-te à mistura pesada
No concreto de areia e cimento
Para cumprir a corrida diária
De uma rotina sem fim.

A tarde chega enfim
De volta pra cheia estação
Pendura de novo no estribo
Com as mãos calejadas doidas.
Rola de novo um cochilo.
De um lado a marmita vazia
Sobrou dela somente uma azia
Por ter comido ela fria
Do outro no bolso o troco pra pinga
Já noite tonto, chega ao barraco
Pendura a roupa fedida
Tira a butina apertada
Ajeita o esqueleto na cama
Pro outro dia de novo
Tudo recomeçar.
Eta vida danada, dorme ele.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Nosso Jantar à Luz de Velas



Nosso Jantar à Luz de Velas
(Argentino Vidal)

Preparei aquela noite especial
A meia luz na sala em luz de velas
Um bom vinho resfriava ali na mesa
Junto com talheres dispostos à etiqueta
No centro dois botões de rosas destacavam
Um amarelo outro vermelho lado a lado.
Insinuando meu desejo e minha paixão

Pus no ar a meio tom uma música suave
Já propositadamente perfumado de essências florais

Aí chega você ainda mais linda do que sempre
Em sua boca brilhava um batom rubi
Seu vestido realçava sua linda silhueta
E o decote provocava ainda mais o meu frisson
Falamos vagas palavras sem importância
Mas nossas mãos e nossos olhares fitados
Podiam declarar mais que mil palavras

Suavemente ainda arriscamos um bolero à bandoneon
Pude então sentir ainda mais o seu perfume e seu calor

Neste instante o sabor de vinho da minha boca
Misturava ao gosto de batom de seus macios lábios
Pouco a pouco nossas roupas antes refinadas
Eram deixadas uma a uma ali no chão
Nossas mãos se enchiam de afeto e de ternura
Então nosso amor era magicamente declarado
Entre as almofadas do velho sofá da minha sala
Naquele nosso primeiro jantar à luz de velas.



Este poema foi publicado em "Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâreos" Vol.63 da Editora CBJE (RJ), no dia 20/02/2010


sábado, 20 de fevereiro de 2010

Quantas Vezes


Quantas Vezes
(Argentino Vidal)

Quantas vezes tentei colocar
As cores do meu mundo
No apagado mundo seu

Quantas vezes tentei colocar
O encanto dos meus olhos
Nos dispersos olhos seus

Quantas vezes tentei subornar
A impaciência da minha alma
Com a paciente calma tua

Quanto tempo eu perdi
Porque será que eu me iludi.

Crepúsculo em BH



Crepúsculo em BH
(Argentino Vidal)

Parei à tarde para ver o por do sol
Ver no horizonte sobre tons em tons vermelho
O azul marinho migrando ao tornassol
Penumbrando meu olhar maravilhado

Ao longe o contorno da cidade realçava
Contrastando os rochedos salientes
Reforçando divina força criadora
Num bucólico entardecer, Belo Horizonte.

Nesta hora o perfume manacá já exalava
Ecoava ao longe Ave Maria de Gûnot
Perfeita harmonia da matéria e alma
Sublime equilíbrio vespertino

Fiquei ali parado na magia do momento
Remontando em minha mente quadro a quadro
Pro meu painel de arte, meu crepúsculo.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Amo-te


Amo-te
(Argentino Vidal)

Amanheci inspirado
Completamente apaixonado
Pensei dar-te uma dúzia de rosas
Vermelhas
Mas se são rosas por que vermelhas?

Acho que vou fazer-te um poema
Não sei se bem carinhoso
Poema que fale de amor
Não sei se mais sem pudor
Daqueles bem calientes.
Pra minha paixão demonstrar

Pensando bem, melhor será
Fazer um cesto bem venusiano
Colocar nele um belo poema lírico
Outro mais despudorado, safado.
Um belo arranjo de rosas carmim
Uma garrafa de vinho Sauvignon
Um bilhete bem perfumado
Depois dizer bem ao seu ouvido
Amo-te muito
Meu amor.


Este poema foi publicado em "Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâreos" Vol.62 da Editora CBJE (RJ), no dia 23/01/2010, entre mais de 3000 inscritos



terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Devaneios Meus


Devaneios Meus
(Argentino Vidal)

Venha comigo no meu sonho louco
Contracenar com a minha ilusão
Sentir no coração o calor do corpo
Queimar na alma a chama da paixão.

Venha curtir as minhas fantasias
Viver comigo os devaneios meus
Romper o medo nossas paranóias.
Incontrolar desejos tão contidos.

Quero sentir teu corpo teu perfume
Quero afogar no mar do teu prazer
Trocar murmúrios falar confidências.
Ultrapassar o limite do meu ser.

Quero sentir teu corpo junto ao meu
Quero afogar nos doces beijos teus.
Falar contigo coisas irreais.

Quero sentir meu corpo junto ao teu
Embriagar nos loucos sonhos meus
Ouvir de ti palavras irreais.