segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Quid est Veritas



Quid est Veritas
(Argentino Vidal)

Encontrei certa pessoa dita abençoada
Dialogamos um assunto mais divino
Só por não compartilhar do seu sagrado credo
Fiquei com minha salvação comprometida

Para atiçar ainda mais a sua ira
Falei de Buda, Alan Kardec, Maomé
Disse até que há muito não sabia o que era fé.
Pra com sarcasmo despejar a minha birra.

Disse ela que eu estava possuído
Precisando urgentemente de uma benção.
Provavelmente já nem tinha mais perdão
Pra alcançar o seu sublime céu santificado.

Julgando serem os donos da razão e da verdade
Ela e outros com seus inquestionáveis credos
Acham que somente eles são os escolhidos
Abocanhando de uma só vez, a soberba e a vaidade.

Matamos por nossa ideologia, nossa verdadeira crença
Condenamos todos pela mínima discrepância
Desconsideramos sempre nossa medíocre ignorância
Só por considerar inquebrantável nossa estúpida certeza.

Somos todos, razão da mesma divindade.
Cumprimos todos aqui a mesma santa trajetória.
Seja branco, negro, índio, religioso ou ateu.
Vivemos desesperadamente procurando a salvação
Preocupamos demais em buscar no além o nosso céu.
E descuidamos de fazê-lo aqui tão perto.
Com sorriso e um abraço a um amigo mais carente.
Estendendo a mão a um irmão necessitado
Sem as nossas diárias agressões sem fundamento.
Amando nosso irmão como nos amamos.
Vivendo como crianças, que se preocupam apenas em brincar com a vida.
Mesmo assim foi dito que é delas o Reino dos Céus.
Lembremo-nos disso. Talvez esta seja nossa tão sonhada salvação.