domingo, 6 de novembro de 2011

Meu Outeiro Mineiro


Meu Outeiro Mineiro
(Argentino Vidal)

Eu estava no topo do mundo
À sombra de grande jaqueira
O tempo passava preguiça
Juritis piavam ao longe
Canários ali e bem te vis acolá.
O vento soprava perfumes
Dos manacás tão floridos
Dos jambeiros de jambos vermelhos
Inebriando os sentidos.

Na encosta ao sopé de barranco
Corria a estrada amarela
Poeirenta que nem ela só
Lá um carro de boi melancólico
Chiava seu canto chorado
Puxado à manada de bois
Guiado pelo candeeiro matuto
Levava a colheita em palha
Lá pro moinho de pedra
Pra dourado fubá se tornar

Eu estava no meu outeiro
No topo de serra mineira
Perdia-se o meu olhar o infinito
Nos montes verdes azulados
Nos tortuosos vales ramados
Ali um riacho riscava cristalino
Com seus lambaris e piaus
Ao longe o barulho ecoado
Da cachoeira de águas brumas.
Rolavam em rochas vermelhas

De fundo minha caiçara morada
Seu telhado bem enegrecido
Com sua chaminé empinada
Soprando a fumaça do fogo
Do velho fogão à lenha
Eu via meu tempo passar
Mansinho como tem que ser
Afinal estava eu na roça
Aqui o tempo madorna.

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