domingo, 18 de abril de 2010

Minha Terra Mineira


Minha terra mineira
(Argentino Vidal)

Eu nasci na terra do ouro
Das esmeraldas e diamantes
Do minério vermelho do ferro
De tantas minas contidas
De tantas Minas Gerais

Eu nasci de gente guerreira
De ideais inconfidentes
Sonhadores libertários
Da conquista do ventre da terra
Do nosso solo mineiro

Eu nasci da cultura barroca
De cidades de muitas histórias
Com seus artesões e poemas
Do Congado e Folia de Reis
E das Festas do Divino.

Eu nasci do fogão à lenha
Do tropeiro e da pururuca
Das fazendas de carros de bois
Do puro café e leite
Das goiabadas com queijo

Eu nasci nas terras de Minas
Das montanhas soberanas
Das cachoeiras cristalinas
De gente hospitaleira.
De gente cosmopolita
De sotaque bem roceiro
Com seus trens e muitos uais.

Bão demais da conta sô...

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Cotidiano


Cotidiano
(Argentino Vidal)

Levanta já atrasado
Pra mais um dia da lida
Ajeita o esqueleto no corpo
De uma noite mal dormida
Calça a butina surrada
Enfia a roupa amassada
Toma o café requentado
E ainda mal comido
Sai do barraco apressado
E ainda são seis da matina

Lotada a estação te espera
Pendura no estribo do trem
E ainda rola um cochilo
De um lado pesa a marmita
De uma parca comida
Do outro guarda no bolso
O troco medido da volta
Mas logo o apito e a parada
Desperta teu sono pra vida

Vai trabalhar homem......
Espera-te ansioso o patrão
Que logo vem com o sermão
Ta atrasado de novo?
Já cheio o carrinho de brita
Espera-te à mistura pesada
No concreto de areia e cimento
Para cumprir a corrida diária
De uma rotina sem fim.

A tarde chega enfim
De volta pra cheia estação
Pendura de novo no estribo
Com as mãos calejadas doidas.
Rola de novo um cochilo.
De um lado a marmita vazia
Sobrou dela somente uma azia
Por ter comido ela fria
Do outro no bolso o troco pra pinga
Já noite tonto, chega ao barraco
Pendura a roupa fedida
Tira a butina apertada
Ajeita o esqueleto na cama
Pro outro dia de novo
Tudo recomeçar.
Eta vida danada, dorme ele.