domingo, 21 de fevereiro de 2010

Nosso Jantar à Luz de Velas



Nosso Jantar à Luz de Velas
(Argentino Vidal)

Preparei aquela noite especial
A meia luz na sala em luz de velas
Um bom vinho resfriava ali na mesa
Junto com talheres dispostos à etiqueta
No centro dois botões de rosas destacavam
Um amarelo outro vermelho lado a lado.
Insinuando meu desejo e minha paixão

Pus no ar a meio tom uma música suave
Já propositadamente perfumado de essências florais

Aí chega você ainda mais linda do que sempre
Em sua boca brilhava um batom rubi
Seu vestido realçava sua linda silhueta
E o decote provocava ainda mais o meu frisson
Falamos vagas palavras sem importância
Mas nossas mãos e nossos olhares fitados
Podiam declarar mais que mil palavras

Suavemente ainda arriscamos um bolero à bandoneon
Pude então sentir ainda mais o seu perfume e seu calor

Neste instante o sabor de vinho da minha boca
Misturava ao gosto de batom de seus macios lábios
Pouco a pouco nossas roupas antes refinadas
Eram deixadas uma a uma ali no chão
Nossas mãos se enchiam de afeto e de ternura
Então nosso amor era magicamente declarado
Entre as almofadas do velho sofá da minha sala
Naquele nosso primeiro jantar à luz de velas.



Este poema foi publicado em "Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâreos" Vol.63 da Editora CBJE (RJ), no dia 20/02/2010


sábado, 20 de fevereiro de 2010

Quantas Vezes


Quantas Vezes
(Argentino Vidal)

Quantas vezes tentei colocar
As cores do meu mundo
No apagado mundo seu

Quantas vezes tentei colocar
O encanto dos meus olhos
Nos dispersos olhos seus

Quantas vezes tentei subornar
A impaciência da minha alma
Com a paciente calma tua

Quanto tempo eu perdi
Porque será que eu me iludi.

Crepúsculo em BH



Crepúsculo em BH
(Argentino Vidal)

Parei à tarde para ver o por do sol
Ver no horizonte sobre tons em tons vermelho
O azul marinho migrando ao tornassol
Penumbrando meu olhar maravilhado

Ao longe o contorno da cidade realçava
Contrastando os rochedos salientes
Reforçando divina força criadora
Num bucólico entardecer, Belo Horizonte.

Nesta hora o perfume manacá já exalava
Ecoava ao longe Ave Maria de Gûnot
Perfeita harmonia da matéria e alma
Sublime equilíbrio vespertino

Fiquei ali parado na magia do momento
Remontando em minha mente quadro a quadro
Pro meu painel de arte, meu crepúsculo.