terça-feira, 29 de março de 2011

A Noite


A Noite
(Argentino Vidal)

Às vezes olhamos em noite o céu sem seu finito
Nem vemos o brilho das estrelas nele postas.
O salto das cadentes até passou despercebido
Deixando escapar de nossos olhos maravilhas.

Se, porém paramos mais atentos em contemplo
Podemos certamente deslumbrar-nos, firmamento.
Bebermos pacientemente em furto tempo.
Toda força desta divina arte em movimento.

Às vezes põe-se a lua tão exulta.
Prateando nossas vistas em cor difusa.
Às vezes penetrando nossas vidraças de janela.
Inundando adentro sua fria luz intrusa.

Noutras podemos desfrutar perfumes raros
Aqueles que só à noite pelo vento são levados
Que embriagam os sentidos mais dispersos
Pois só Damas da Noite podem à noite exalá-los.

Tudo isso tem neste contexto seu encanto
Mas não pode em contento meu olhar ao seu furtar
Pois terá o seu ornamento reduzido tanto
Se não puder de tais momentos a ti compartilhar.

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Poema publicado em Antologias dos Poetas Brasileiros Comtemporâneos, em março de 2011.